Entrevista com Sensei Hiroyoshi Ishibashi – 7º Dan Kyôshi – Diretor do departamento de promoção de kyu, dan e shogo da CBK (Confederação Brasileira de Kendô) e Diretor de Educação da CLAK (Confederação Latino Americana de Kendô). Engenheiro Agrônomo formado pela USP, pessoa de grande destaque profissional na área de paisagismo com várias de suas obras publicadas em revistas especializadas.
01 – Artes do Japão – Ishibashi Sensei, quando foi o seu início na prática de Kendô e onde?
Ishibashi Sensei – 1957 no Bairro de Fukuhaku, hoje Vila Ipelândia na Cidade de Suzano – SP.
02 – Artes do Japão – Quais os benefícios que a prática do Kendô traz às pessoas?
Ishibashi Sensei – Auto-controle, formação física equilibrada, boa concentração inclusive nos estudos e na vida profissional.
03 – Artes do Japão – O que a prática do Kendô representa para o Sensei na vida cotidiana?
Ishibashi Sensei – É possível ver a sociedade com o olhar diferente, pois usamos não só a visão física, mas também a do lado espiritual. (kan, ken no me-tsuke)(観,見の目付け)
04 – Artes do Japão – Como o Sensei vê a evolução do Kendô no Japão e também no mundo?
Ishibashi Sensei – Está voltando à origem, pois visitei Japão no ano de 2012 e tive a grata satisfação de treinar com kenshis de elevada graduação e também com jovens do primário, ginasial e colegial e todos estão praticando um kendô ofensivo e maravilhoso, inclusive nos seus sentimentos. Creio que os kenshis de fora do Japão também estão descobrindo este caminho da espada visando não só os resultados nas competições, mas o aprimoramento físico e espiritual para poderem praticar durante toda a vida.
05 – Artes do Japão – O Kendô do Brasil sempre se destacou nos Campeonatos Mundiais, estando sempre entre os melhores, na opinião do Sensei, o que falta para o Brasil chegar ao título mundial?
IshibashiSensei – O resultado é fruto de treinos que são repetitivos e árduos. Principalmente no Japão e Coréia treinam todos os dias desde a tenra idade, por isso para preencher esta lacuna que talvez exista entre os países acima citado com os outros, incluindo o nosso é treinar com todo o afinco aplicando cada golpe como se fosse o ultimo golpe da sua vida. Na palestra que ministrei no dia 16 de fevereiro de 2013 aos candidatos para exame de kyu e dan comentei sobre o piloto da F1, Lewis Hamilton que treina 4 a 6 horas todos os dias incluindo Natal e folga apenas 5 dias no ano.
06 – Artes do Japão – Na opinião do Sensei, como o Kendô funciona como ferramenta socioeducativa?
Ishibashi Sensei – Aprende-se a ter respeito e humildade.
07 – Artes do Japão – Além de Sensei de Kendô, o Sensei também é um grande paisagista. Qual a relação do Kendô com o paisagismo ou com qualquer outra atividade profissional?
Ishibashi Sensei – Diz-se que kendô é zen em movimento (行禅 – Gyô-Zen) e praticamos a respiração profunda e controlada, mesmo durante os treinos e também nas competições, e isto leva a diminuição da vibração para perto do estado de alfa (entre 9 a 12 htz) que é possível medir com equipamento, e estando neste estado obtém-se inspirações maravilhosas para podermos aplicar durante o projeto de um jardim, por exemplo. Há mais de 20 anos participei de um concurso de paisagismo com outros 16 paisagistas. O modulo era igual para todos e tema era livre. A ideia vem em questão de segundos o trabalho árduo é colocar no projeto e depois executar. Foi agraciado com a primeira colocação e um carro Uno da Fiat como prêmio.
Este fato não tem nada a ver com o lado profissional, mas quando estava com meus 18 a 19 anos fui convocado para servir ao exército na Cidade de Caçapava no Vale do Paraíba e fui campeão de tiro (alvo de 300 metros) entre quase 500 colegas que serviram naquele ano, creio que a concentração e a respiração que aprendi no kendô (era 2º dan) me ajudou e bastante.
08 – Artes do Japão – O Kendô pode ser iniciado em qualquer idade ou uma pessoa de mais idade sentiria muita dificuldade?
Ishibashi Sensei – É possível iniciar com qualquer idade, mas para todas as pessoas principalmente as com mais idade sugiro que façam uma consulta médica antes de iniciar os treinos. Pois os treinos são repetitivos, cansativos e árduos.
09 – Artes do Japão – Qual o conselho que o Sensei daria aos alunos iniciantes ou mesmo os mais avançados sobre a prática do Kendô?
Ishibashi Sensei – Sempre lembrar o estado espiritual que teve para aprender os primeiros passos, primeiros movimentos e a alegria que teve ao colocar a proteção e iniciar treinos com outras pessoas. (初心忘れるべからず – Shoshin Wasurerubekarazu)
10 – Artes do Japão – Uma mensagem para o público em geral:
Ishibashi Sensei – Juntem-se a nós para aprender, não somente a busca desenfreada dos resultados, mas a prática de amor que se doa. (amor incondicional).
Contato Sensei Ishibashi Hiroyoshi
E-mail: koozen88@yahoo.com.br
Site: www.jardimjapones.net.br
Locais e dias de Treinamento:
• Associação Cultural Susanense – Avenida Armando Salles de Oliveira, 444 – Jardim Imperador – Suzano – SP – Tel.: (11) 4746-2744
Terça e Quinta das 19h às 21h
• Nippon Country Club –Arujá – SP
Domingo das 14h às 17h
CURRICULUM SIMPLIFICADO – KENDÔ
Iniciou os treinos no ano de 1957 sob a orientação do Mestre Matao Taniguchi.
Foi Campeão Brasileiro Individual nos anos de 1962, 1965, 1968, 1971 e 1973, nas diversas categorias que passou.
Graduação atual: 7º Dan no ano de 1999 e Título de Kyoshi no ano de 2007.
Atualmente é Diretor do departamento de promoção de kyu, dan e shogo da CBK (Confederação Brasileira de Kendô) e Diretor de Educação da CLAK (Confederação Latino americana de Kendô).
CURRICULUM SIMPLIFICADO – PROFISSIONAL
Formou-se Engenheiro Agrônomo pela ESALQ-USP.
Fez estágio no CENA (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) com Dra. Linda Caldas PhD em Engenharia Molecular entre os anos de 1972 e 73.
Fez estágio entre os anos de 1974 e 75 na firma de paisagismo “Kai raku em”, na província de Kumamoto – Sul do Japão e na firma “Greening of Tokyo” do ilustre mestre Kenzo Ogata em Tóquio, considerado um dos 5 melhores paisagistas do Japão moderno.
Voltou para o Japão nos anos de 1977, 79, 91 e 94, visitando obras famosas de paisagismo com muitos séculos de idade, como o jardim da Cidade de Hiraizumi que foi construído no século XII e é muito bem conservado.
Aproveitando a visita teve contato também com os pesquisadores e produtores de frutas e verduras que utilizavam os produtos controladores de crescimento, manejo adequado e adubação específica na produção. Hoje já conseguem produzir hortaliças com eficiência 50 vezes maior do que o método convencional de plantio ao ar livre.
Ministrou palestra na Faculdade de Agronomia e Zootecnia “Manoel Carlos Gonçalves” da Fundação Pinhalense de Ensino, enfocando o tema “Jardim Japonês” nos anos de 1976 e 78.
Foi autor do projeto e execução da decoração interna da mostra horti-fruti-granjeira em homenagem à visita feita pela Sua Excelência, O Príncipe Akihito e a Princesa Mitiko, no Bairro de Cocuera, na cidade de Mogi das Cruzes, SP no ano de 1978, em comemoração aos 70 anos da Imigração Japonesa no Brasil.
Foi coordenador da Festa das Flores e/ou Bienal de Suzano, na elaboração do projeto e execução da mostra da exposição nos anos de 1976 a 1982.
Na exposição mostrou entre outros a tendência do paisagismo no Brasil, a sequência de Cultura de Tecido Meristemático das Orquídeas e a apresentação de hidroponia de morango e alface feito pela primeira vez na região.
Foi responsável técnico e orientador dos produtores de plantas ornamentais: Exotica Agro Comercial Ltda., Julio Ishibashi, Minoru Ishibashi, Norton Hidemi Iba, Yassunari Uedae George Hidehiro Suzuki.
A partir do ano de 1982 fez pesquisa e orientação de agricultores do ramo de horti-frutícolas e grandes culturas com a produção de adubos orgânicos na propriedade do lavrador com o uso de enzimas específicas e a complementação com a aplicação de adubação foliar como na produção de Alface, Cenoura, Acelga, Salsão, Caqui, plantas ornamentais em geral, Café, Soja e Trigo.
Elaborou para os produtores o projeto de implantação da produção de Gengibre, Café, Citros, Macadamia, Jojoba e Lichia.
Participou do Concurso de Jardim aberto a todos os paisagistas de São Paulo, no ano de 1989, onde foi escolhido 16 profissionais para participar, consagrando-se com o primeiro lugar e ganhando como prêmio um UNO zero quilômetro.
Vem trabalhando no ramo de paisagismo em todo o Brasil. E também ministrando aulas sobre Espelhos d’água no IBRAP (Instituto Brasileiro de Paisagismo) na Cidade de são Paulo.
No ano comemorativo de 100 anos da imigração japonesa no Brasil fez projetos de jardins comemorativos para a prefeitura de São Carlos – SP, prefeitura de São Paulo – sub sede de São Miguel Paulista e prefeitura de São Caetano do Sul.
Olá amigo Hiro, meus sinceros parabéns pelo sucesso que vem alcançando na vida. É sempre , para mim, uma grande satisfação ler uma boa notícia sobre um grande amigo.
Abraços do amigo
José Eduardo
Parabéns pela matéria, muito gratificante ver as palavras do Ishibashi sensei alcançar as pessoas que não praticam Kendo, ele é um exemplo para todos.
kando bravooooooooo
Que vida linda e edificante a de Hiroyoshi Ishibashi Sensei: ótima entrevista e respostas claras e construtivas!!!
Desejo que muitas pessoas consigam ler!!!