O Festival deste ano será realizado no espaço CENFORPE (Centro de Formação dos Profissionais da Educação).
O espaço está localizado na Av. Dom Jaime de Barros Câmara, nº 201, bairro Planalto, São Bernardo do Campo/SP, CEP 09895-280.
O evento ocorrerá no dia 10 de julho de 2016 com abertura oficial às 8h30.
O primeiro Festival Brasileiro de Taiko aconteceu no ano de 2004 e teve como objetivo a consolidação de um evento importante dentro da vida dos jovens tocadores que estavam iniciando essa arte no Brasil.
Com o passar do tempo esse objetivo foi se transformando gradualmente em algo mais global e técnico.
Global no sentido de estreitar laços com a Nippon Taiko Foundation na medida em que o campeão da categoria júnior do Brasil tem a oportunidade de competir no Concurso Nacional Japonês.
Por oportuno, vale mencionar que hoje a Associação Brasileira de Taiko conta com o Departamento de Relações Internacionais e almeja, através deste órgão, a expansão deste festival para os grupos da América Latina, Canadá e Europa.
O primeiro passo já foi dado e a associação está tentando viabilizar um projeto de intercâmbio cultural juntamente com a Associação Argentina de Taiko.
Atualmente somente os associados da Associação Brasileira de Taiko (ABT) podem participar. Todavia, há um projeto em andamento no sentido de possibilitar a abertura da inscrição para não associados, acredita-se que, em breve, isso poderá se tornar realidade.
No tocante a abrangência do XIII Festival Brasileiro de Taiko nós temos a participação de 5 Estados e 24 entidades nos termos da tabela abaixo:
- Kodama Kai – Vargem Grande Paulista – SP
- Todoroki – Jales – SP
- Todoroki Daiko de Osasco – Osasco – SP
- Kouran Daiko – Suzano – SP
- Mika Taiko – São Paulo – SP
- Hisho Daiko Colônia – Pinhal – SP
- Genryu Daiko – Capão Bonito – SP
- Ryuubu Daiko – Ibiúna – SP
- Seishin Daiko – Dracena – SP
- Dantai Fênix – Presidente Prudente – SP
- Kien Daiko – São Bernardo do Campo – SP
- Seiryu Daiko – São Miguel Arcanjo – SP
- Aozora Daiko – Bragança Paulista – SP
- Mizuho Wadaiko – São Bernardo do Campo – SP
- Ryuu Taiko – Indaiatuba – SP
- Yuumei Wadaiko – Araçatuba – SP
- Ikioidaiko – Taboão da Serra – SP
- Rio Nikkei Taiko – Rio de Janeiro – RJ
- Komyo – Rio de Janeiro – RJ
- Wakaba Taiko – Curitiba – PR
- Ishindaiko – Londrina – PR
- Zenshin Daiko – Cascavel – PR
- Raiki Daiko – Belo Horizonte – MG
- Hikari Daiko – Brasília – DF
Curiosidades:
OS DEZ MANDAMENTOS DA ARTE DO TAIKO (Manual de Taiko – Estabelecido pela Confederação Japonesa de Taiko – Traduzido por Artur Nakahara )
Mandamento nº 01 – Três anos de dedicação e preparo físico; (A prática incessante da base resulta na qualidade do som)
A alma do taiko está presente no seu grande estrondo, no eco, e no som residual que se propaga. Para atingirmos o objetivo de transmitir o encanto do taiko, o percussionista precisa fortalecer as pernas e os quadris, os quais são essenciais para a obtenção do equilíbrio, que é necessário para percutir com mais vigor e ritmo na execução dos movimentos dinâmicos e formosos.
Para tanto, é importante praticar o cooper, a musculação, em especial os músculos abdominais e dorsais e exercitar a flexibilidade do corpo inteiro.
Mandamento nº 02 – Posicionamento: pernas afastadas, quadril baixo e corpo distante do taiko; (O manejo das baquetas é realizado com amplos movimentos no intuito de explorar todo o espaço)
Pelos conceitos tradicionais, podemos dizer que a baqueta se equipara a uma lança ou espada. Deve-se segurar a baqueta de forma suave e tomar a postura de “seigan” (posição estática fundamental).
Na linguagem da espada, significa relaxar a mente para alcançar a serenidade total. Em seguida, para entrar no estado de solidez absoluta e inabalável, posicione seu corpo com as pernas ligeiramente flexionadas e afastadas e concentre as forças no baixo ventre, absorvendo o fluido vital que provém da terra.
A estabilidade do corpo é adquirida ao baixar os quadris mantendo certa distância do Taiko que permitirá um amplo movimento das baquetas.
Posicionando-se desta forma será possível proporcionar a beleza dos movimentos dos braços com as baquetas.
Mandamento nº 03 – Sinta com os pés e percuta com o corpo; (a percussão utilizando apenas a habilidade manual não é o suficiente)
O homem, na sua origem, como qualquer outro animal, movimentava-se utilizando os quatro membros (pernas e braços) e o corpo. Atualmente, a probabilidade de utilizar apenas a habilidade manual é maior, esquecendo-se de exercitar as pernas e o corpo.
O taiko é um exercício que trabalha o corpo inteiro, inclusive a sua alma.
A particularidade do taiko em grupo é como uma orquestra, em que a sincronia do ritmo dos companheiros é absorvida através do movimento corpóreo. Para tanto, é preciso firmar bem os dois pés no chão e sentir através deles a vibração provocada na terra, fazendo com que o corpo inteiro seja tomado pelo ímpeto dinâmico.
A partir desta prática, o movimento e o controle das mãos (esquerda e direita) nas batidas sobre a superfície do taiko será aos poucos adquirida até que as duas mãos consigam manipular as baquetas com a mesma intensidade, velocidade e força.
Mandamento nº 04 – Não bata, toque; (toque com a intenção de atingir a alma das pessoas);
Como já foi citado no item 03, a arte do taiko não é meramente uma habilidade manual de bater, mas sim, uma arte de tocar com o corpo e a alma, tendo sempre em mente que o importante é conseguir sensibilizar a alma das pessoas. Tocando com este objetivo obteremos com perfeição o verdadeiro som do Taiko.
Mandamento nº 05 – Toque em ponto, não toque em linha;
Tocar em ponto significa tocar rapidamente o taiko com a ponta das baquetas formando um ângulo de 45 graus.
Tocar em linha é quando a baqueta encontra-se paralelamente à superfície do Taiko, tocando-a por uma aresta. Isso se chama “betauti” o qual usamos inadequadamente tornando a batida pesada, aplicada com toda a força e sem apresentar um ritmo ordenado.
Obviamente o verdadeiro som do taiko não poderá ser apreciado se não tivermos a consciência deste fundamento, pois a peculiar vibração, o eco e o som residual serão interrompidos.
Mandamento nº 06 – Bater com 5 e recuar com 5, sincronia de “a-um” (abrir e fechar); (Toques fracos e fortes, beirando o limite máximo e mínimo de cada um);
Bater com 5 e recuar com 5 significa movimentar as baquetas tocando com a mesma intensidade e velocidade. Com este procedimento de bater e recuar imediatamente a baqueta da superfície do Taiko obteremos o melhor som residual. Além disso, pode-se dizer que “a reversão da baqueta é o atalho para progredir”.
O couro do Taiko esticado através da tensão possui elasticidade que faz com que se produza uma forte reação para o recuo imediato das baquetas.
Aproveitar a força de reação, também chamada “reversão de pulso” é uma técnica fundamental.
A sincronia “a-um”, geralmente refere-se ao sincronismo perfeito de dois percussionistas sem a troca de palavras ou sinais. Neste caso, referimo-nos a uma técnica que se aplica durante a percussão e não à ação do parceiro.
“A” refere-se ao sentimento de ataque, ou seja, o início da batida através do grito de ataque. “Um” refere-se ao sentimento de contenção, do recuo e do sentimento de calar-se.
É importante compreender e incorporar essa sensibilidade fundamental do percussionista: o ritmo de ataque e recuo.
Mandamento nº 07 – Um som e um movimento. Ambos se completam formando o todo; (A arte da percussão composta por som e movimento. Som é o taiko e movimento é o homem)
O taiko é uma arte muito peculiar em que “pratica-se a música e o esporte ao mesmo tempo” na intenção de mostrar e fazer ouvir ao mesmo tempo. A expressão “arte de percussão composta por som e movimento” refere-se justamente a isso.
Para entendermos melhor a expressão supracitada, podemos dizer o seguinte: “Se ouvirmos o taiko com os olhos fechados, poderemos sentir a beleza da música, porém ficaremos restritos em captar a beleza do taiko como um todo. O encanto deste instrumento está presente na performance do percussionista que adapta o seu movimento corporal de acordo com a música.
É indescritível a sensação que temos ao ver o homem (percussionista) e o som incorporando-se num só corpo, preenchendo todo o espaço do ambiente.
Este é o momento mais marcante que diferencia o Taiko de outros instrumentos musicais.
Mandamento nº 08 – A linha da visão, a posição da baqueta e o posicionamento do percussionista; (O taiko e o som também estão presentes no espaço)
Assim como na dança japonesa, a linha visual sempre se dirige para a ponta dos dedos, portanto a linha visual do percussionista que acompanha a ponta das baquetas é uma postura mais do que natural. A partir deste procedimento é que se transmite a beleza e a imponência desta arte ao espectador. A propósito, a percussão executada com a região peitoral diante do taiko, ou seja, a postura com o tronco baixo e as pernas bem afastadas (perna esquerda flexionada com o joelho voltado para fora e a perna direita estendida para trás com os pés também voltados para fora, mantendo a distância entre as pernas de acordo com a linha dos ombros) é a postura correta para a percussão de movimentos pequenos concentrados nas mãos.
Ao contrário, para os movimentos mais amplos, erga as baquetas sobre a cabeça e desfira grandes golpes, lembrando-se sempre da postura base.
Explorar ao máximo todo o espaço ao redor faz com que os movimentos pareçam maiores do que já são. É como se estivesse tocando um taiko suspenso no céu. Procure guardar isso sempre em mente.
Mandamento nº 09 – Forte, fraco, longo, breve, lento, rápido, som e pausa;
Prefira tocar com expressão no rosto a tocar somente com a técnica; (A fisionomia e o grito de guerra fazem parte do taiko)
Pela combinação da percussão forte, fraca, longa, breve, lenta, rápida, som e pausa, consegue-se expressar os sentimentos nas percussões compostas e coletivas. É importante ao percussionista realizar esse procedimento com o corpo inteiro na produção sonora, e, concomitantemente demonstrar o som da música através da sua performance.
Nessa ocasião, a expressão facial tem que ser observada de acordo com os seguintes itens: expressão de vigor, para as partituras épicas, expressão de alegria para as partituras exaltantes. Teoricamente, pode ser simples, porém na prática existe um grau de dificuldade. Isto ocorre quando não conseguimos manifestar espontaneamente a alegria embutida no interior de nossa alma, impossibilitando a transmissão deste sentimento.
A importância de ressaltar a expressão facial em conjunto harmônico com o movimento corporal para a obtenção de um som agradável ocorre somente quando o percussionista consegue conciliar essas técnicas de corpo e alma. A fisionomia faz transparecer a força vital daquele que toca o instrumento com o objetivo de cativar e prender a atenção do espectador.
Tais expressões são adquiridas com a repetição exaustiva de treinos, até que o corpo aprenda a movimentar-se naturalmente. O resultado é compensado quando o expectador recebe com esplendor a apresentação, a ponto de sentir sua alma flutuar, pois muitos assistem ao espetáculo na expectativa de vivenciar essas sensações.
Mandamento nº 10 – Ab-rogar-se dos pensamentos e das imaginações, tendo em cada toque, a presença da alma, que é executado com “sangue e suor”; (Força vital do homem e o espírito infinito)
Quando excluímos do Taiko, o sentimento, a alma, a força vital e o vigor do percussionista, não será possível manifestar o verdadeiro encanto deste instrumento.
O Taiko que é tocado com a força interior do ser humano é capaz de evocar os Deuses. Isso demonstra o brado da força vital do homem. O encanto do Taiko japonês, percutida em grupo, em última instância, se resume na força de provocar grande comoção através da propagação de seu som.
Referência do texto: ABT – Associação Brasileira de Taiko