Para atender as necessidades da falta de mão-de-obra para trabalhos operários, em 1990 o Japão reformulou a lei de controle de imigração para facilitar a entrada e permanencia de descendentes japoneses como trabalhadores braçais no Japão. Desde então iniciou-se um fenômeno de transferências dos nikkeis do Brasil ao Japão, sendo chamados como dekasseguis.
Os primeiros dekasseguis sentiram um grande choque de identidade, pois no Brasil eram chamados de japoneses, mas ao chegarem no Japão foram tratados como simples estrangeiros, causando inúmeras divergências geradas pelo total desconhecimento da verdadeira história da imigração, que o governo japonês ocultou, mas que é bastante conhecida pela comunidade nipo-brasileira no Brasil.
No início do século XX, com a modernização rural no Japão, muitos trabalhadores rurais ficaram sem trabalho e os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas formando uma massa de desempregados. Por outro lado, o Brasil estava passando por período de crescimento econômico gerado pelo plantio de café. E apesar do preconceito por parte do Brasil que não queria aceitar a colonização japonesa pela divergência cultural oposta, e por considerar a raça amarela inferior em relação aos europeus da raça branca, a necessidade de mão-de-obra no Brasil e o superpovoamento no Japão, fizeram com que os governos brasileiro e japonês firmassem um acordo de colonização, o que resultou no início da imigração japonesa ao Brasil com a chegada do navio Kasato Maru em 1908.
O Japão criou incentivos para enviar o maior número possível de pessoas para o Brasil, fazendo propagandas que dava-se a entender que em poucos anos seria possível acumular uma boa quantia de dinheiro e voltar ao Japão para viver dignamente. Mas a realidade no Brasil foi cruel, em condições de semi-escravidão, os colonos japoneses eram submetidos a trabalhos árduos e a remuneração não eram suficientes para o sustento. Muitos fugiram das fazendas de café e criaram colônias, vivendo isoladamente da sociedade local por longo tempo. Na época da ditadura, os japoneses sofreram discriminações, e na declaração de guerra ao Japão em 1942, as 200 escolas japonesas que haviam na época foram fechadas, foi proibido a conversação em japonês em locais públicos, bens foram confiscados, e muitos foram presos e deportados por acusação de espionagem.
Após a derrota do Japão na segunda guerra mundial, houve um fluxo grande de imigrantes indo ao Brasil, e na década de 60 já haviam entrado 200 mil japoneses. Com o êxodo rural, a maioria foi morar em São Paulo, tornando-se comerciantes, e os jovens incentivados por seus pais que não queriam que eles passassem pela mesma experiência, dedicaram-se aos estudos, formando-se nas faculdades em grande quantidade. Na década de 70 já se percebia uma integração maior entre a sociedade local e começa a mistura das raças. Na década de 80, inicia a inversão do fluxo imigratório, com a queda da economia no Brasil e crescimento no Japão. E no início da década de 90 inicia-se a Era Dekassegui.
Diferentemente do que muitos japoneses nativos pensam que os imigrantes japoneses fugiram do Japão em época difícil para viver bem no Brasil, nossos ancestrais foram ao Brasil orgulhosos achando que seria para o bem do Japão, e mesmo sentindo-se traídos pelo governo japones ao chegar no Brasil, não perderam o patriotismo. Defenderam a dignidade de serem japoneses, e sempre colocou em primeiro lugar o estudo de seus filhos. Os imigrantes não trairam o Japão, pelo contrario, sempre defenderam a imagem nipônica e na visão deles os japoneses nativos é que estão deixando de ser verdadeiros japoneses influenciados pela cultura ocidental, e nós nikkeis, devemos muito aos nossos ancestrais pelo respeito conquistado a custa de suor e sangue.
Escrito por: Tetsuyoshi Kodama*
Cargos
*Presidente da Associação Mundial de Karate Shidokan em Shizuoka;
*Presidente da Kodama Global Support Co., representante da seguradora Tokio Marine Nichido;
*Vice-presidente da Aliança de Intercâmbio Brasil Japão;
*Conselheiro da Polícia da Província de Shizuoka para assuntos de estrangeiros;
*Membro do Conselho de Cidadãos do Consulado do Brasil em Hamamatsu;
*Membro do Conselho da Secretaria de Educação do Município de Hamamatsu;
*Membro do Conselho da Escola Municipal Aoigaoka Shogakko
Mérito
*Condecorado pelo governo brasileiro em 2009 pela Ordem de Rio Branco ao grau de Oficial;
*Condecorado pela Polícia Provincial de Shizuoka em 2012 pelos conselhos prestados
Certificação
*Nível 1 (máximo) da proficiência japonesa;
*Carteira de habilitação profissional de taxista no Japão;
*Certificado de corretor de seguros de "vida" e "não vida";
*Faixa preta 6o.dan de karate;
*Instrutor de kick boxing