Todo mundo que tem um bichinho de estimação adora tirar foto dele e eu não sou diferente, mas no meu caso aproveito para estudar alguns conceitos de fotografia enquanto faço isso.
Tenho duas gatas na minha casa, a Zoe e a Sophia, e frequentemente elas são meus objetos de estudo. Claro que nem sempre consigo porque basta eu apontar a câmera que elas mudam de uma posição fofa para uma posição normal ou saem correndo do lugar que estavam. O que meu amigo Simons Belmont chamou de “O efeito câmera” em uma conversa que tivemos sobre gatos, comprovei na pratica ser a mais pura verdade.
Há um ano atrás tive a oportunidade de visitar o Grand Canyon nos Estados Unidos e isso me fez repensar o modo que fazia as minhas fotos. O Grand Canyon é um lugar MUITO grande! Tanto em altura, quanto largura e profundidade. É tão grande que um helicóptero parece uma mosca… literalmente! Fiquei maravilhado com aquela paisagem que estava vendo e queria mostrar tudo aquilo para os meus amigos quando eu voltasse ao Brasil, mas quando voltei para o Hotel achei que as fotos ficaram muito chapadas e fiquei decepcionado comigo mesmo. Tanto que não mostrei nenhuma fotos para ninguém… até hoje.
Quando voltei ao Brasil, comecei a estudar como passar noção de profundidade nas fotos e fui praticar isso tirando foto das minhas gatas no cotidiano. Nesse estudo impus duas regras a mim mesmo para ajudar no dia a dia do trabalho que são: não alterar nenhum objeto da cena e nem a iluminação. Duas limitações muito comuns para quem trabalha com shows e eventos.
Já mostrei para vocês como guiar o olhar das pessoas utilizando as linhas de força, então agora vou mostrar como utilizar as mesmas linhas para criar noção de profundidade. Tenham em mente que são apenas algumas fotos de um estudo que ainda está em desenvolvimento.
Para quem está lendo pela primeira vez a minha coluna ou não teve a oportunidade de ler o texto Linhas de Força, pois agora só vou dar uma explicação bem simples sobre elas nas fotos.
Também não esperem foto das duas gatas porque o efeito câmera acontece muito rápido na Sophia, então somente a Zoe será a atriz das fotos.
Decidi começar o estudo por uma foto bem básica de frente. Quase totalmente chapada e passando uma leve noção de profundidade.
Nessa segunda foto decidi mudar um pouco o angulo da câmera e fazer com que a linha da parte de cima do quadro e do armário se encontrassem. Lembram do meu texto da semana passada sobre a hora dourada? Então… Reparem como a luz influenciou na sombra do quadro e na coloração dos pelos da Zoe.
Já nessa terceira foto a linha de força do armário é bem mais sutil se comparamos com as da segunda foto, mas não tão sutil quanto da primeira.
Na quarta foto temos linhas de força mais evidentes no chão e na caixa de morangos, o que já passa uma boa noção de profundidade. O desfoque do armário e do chão ao lado direito da foto aumentam essa noção, fazendo com que o armário pareça estar mais ao fundo do que realmente está.
A quinta foto já é um pouco mais complexa. Em um primeiro momento ela parece chapada porque a linha força da frente da cadeira está levemente inclinada para cima e alinhada com o pé esquerdo da mesa, mas a linha de força do lado esquerdo da almofada juntamente com a linha do corpo da Zoe indo para o fundo da foto e o leve desfocado da parte direita da foto ajuda a dar noção de profundidade. Não tão sutil quanto a da terceira foto, mas na minha opinião ainda está sutil. Também aproveitei as partes pretas da mesa para adicionar um pouco de “vazio” na foto e o focar somente na Zoe.
Na sexta foto eu quis complicar um pouco mais as coisas. Utilizei um angulo que só mostra duas linhas de força indo para o fundo e apostei mais no desfoque frontal e na ordenação das almofadas para passar a noção de profundidade. Reparem que se compararmos com a quinta foto, está aqui está bem mais chapada. Detalhe: A Zoe não está brava, está quase dormindo (risos).
Essa sétima foto também é complexa por causa da bagunça do cobertor. As principais linhas de força que dão noção de profundidade é a do sofá e da almofada verde juntamente com o leve desfoque nelas. A parte plana na frente da foto, alinhada às linhas de forças indo em direção à Zoe e o leve desfoque frontal também ajudam nessa noção de profundidade.
Claro que a deixei a melhor por último. A análise dessa oitava foto é bem simples pois só tem duas linhas de força indo em direção ao fundo, mas a Zoe em primeiro plano bem focada em contraponto à Sophia bastante desfocada ao fundo é que dá uma boa noção de profundidade.
Se me perguntarem o que acho dessas fotos, vou falar que não estão boas. Mas são somente algumas fotos de um estudo que venho fazendo, então estão aceitáveis por se tratarem de um estudo. Quis compartilhar com vocês um pouco desse desenvolvimento e o que pensei antes de fazer cada foto pois é muito comum acharem que todo mundo nasce com o dom para determinada coisa, ou que você tem mais facilidade por gostar de determinado assunto ou até mesmo que é mais fácil por causa da câmera, mas na grande maioria das vezes é algo que é construído com o tempo e muito esforço.
Quando comecei a estudar o vazio foi da mesma forma e aos poucos fui utilizando nas fotos profissionais até que começou a ser natural utilizar ele. Espero que com o tempo utilizar noção de profundidade também fique tão natural quanto.
Não entendeu o que falei sobre o vazio? Passe lá no texto “O Complemento do Vazio” e entenda!
Escrito por:
Chibbas
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